A Matiz de Paço dos Negros



Eis o documento Matriz que fez nascer Paço dos Negros. Inclui um preâmbulo e o traslado de resposta [ordem] do rei, com data de 28 de Abril de 1511, a anterior e extensíssima carta de Pedro Matela, de 22 de Abril, onde Matela dá conta ao rei do estado das obras, e do que é necessário para as ditas, lido e inserido nesta escri­tura feita na Ribeira de Santarém a 3 de Maio de 1511:


[Título]: «Título de carta porque Francisco Palha fez por doação a el rei nosso senhor de uns chãos na ribeira de Muja, onde ora sua alteza manda fazer uns Paços».


[Preâmbulo]: Em nome de Deus ámen. Saibam todos quantos este instrumento de pura doação virem que no ano do nas­cimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1511 anos, aos três dias do mês de Maio nesta vila de Santarém na ribeira da dita vila nas casas da morada do muito honra­do Francisco Palha, cavaleiro da casa de El rei Nosso Senhor em presença de mim ta­belião e das testemunhas que estavam pre­sentes, estando aí de presente o dito Fran­cisco Palha e a muito honrada Isabel de Barros sua mulher, e assim estava presente o muito honrado Pêro Matela, outrossim cavaleiro da casa do dito senhor e seu con­tador em a dita vila, e logo pelo dito conta­dor foi dado ao dito Francisco Palha uma carta do dito senhor a qual o teor dela de verbo a verbo é este que se segue.»


[traslado da Carta-resposta do rei]: «Fran­cisco Palha, nós el-rei vos enviamos muito saudar.

Pêro Matela nos escreveu o que lhe respondestes, acerca do chão da vossa terra para as nossas casas da ribeira de Muja, e assim para o pomar e horta. Agradecemos--vos, muito vossa boa vontade para com isso nos servirdes, encomendo-vos que lhe façais escritura com outorga de vossa mulher, como convém, de como nos deixais e fazeis serviço dos ditos chãos, convém a saber: o chão do assento das casas e assim para a horta e pomar e água, assim como ficou por nós divisado, e dai-lhe a escritura e nós fol­garemos isto em tal maneira que vós deveis ser contentes e folgaremos que logo façais a dita escritura e a deis ao dito contador por que nós lhe mandamos que sirva o Regimento.
Escrita em Lisboa, a 28 dias de Abril, o secre­tário a fez, 1511, e esta água não no dizemos pela da levada, senão pela outra que há-de le­var ao pomar.»


[Trecho de texto da Carta-Escritura]:

Vista a dita carta e lida pelo dito Francisco Palha com a dita Isabel de Barros sua mulher, ambos disseram e … que tudo que eles tinham, era a serviço do dito senhor, e não queriam … salvo para e em tudo servirem S.A. e cer­tamente era escusado fazer um alvará e tem o consentimento deles para o dito senhor fazer as ditas casas na terra deles sobreditos. … E porém, que por cumprir o que S. A. manda em sua carta que quer que o dito Francisco Palha e sua mulher lhe façam escritura da dita terra onde as ditas casas S. A. quer fazer, disseram e declararam eles dito Francisco Palha e a dita sua mulher em presença de mim tabelião e das testemunhas abaixo descritas, que a eles lhes aprazia e serão muito contentes … que o dito senhor faça e mande fazer as ditas casas na dita sua terra e bem assim horta e pomar, naquele mesmo lugar onde S. A. o tem divisado e man­dado pôr umas estacas de pau e … não tão so­mente lhe fazem serviço e doação do chão que S. A. para o dito pomar, horta e casas … S. A. possa mandar fazer … quaisquer outras casas, pomares, hortas e benfeitorias que S. A. para seu desenfadamento … e bem assim lhe fa­zem serviço e doação da água da fonte que está ao Machieiro, contra Almeirim e da banda da mão esquerda da estrada que vai para Almei­rim, para S. A. dela mandar fazer tudo o que for o seu serviço… (Conselho da Fazenda, liv. 136, fols 146v-150).


(documento completo no livro Paço dos

Negros da Ribeira de Muge

– A Tacubis Romana, de Manuel Evangelista).

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